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O uso ilegal da droga êxtase (metilenedioximetamfetamina) aumentou bastante desde a última década em todo o mundo, existindo uma preocupação cada vez maior acerca de seus possíveis efeitos tóxicos. Entretanto, existem ainda poucos dados acerca de seus efeitos em mulheres em período de gestação, com relação à ação no feto.
A Dra. Patricia McElhatton e seus colegas do National Teratology Information Service, Inglaterra, em artigo publicado na última semana na revista British Medical Journal
Enquanto que as anfetaminas e drogas relacionadas estavam associadas com um aumento nas má-formações cardíacas congênitas em várias espécies, no ser humano vários estudos apresentaram resultados conflitantes, tanto quanto à incidência global de má-formações como em relação ao risco de defeitos específicos.
O UK National Teratology Information Service (NTIS) conseguiu dados prospectivos acerca de 136 gestações (um par de gêmeos), nas quais as mães foram expostas ao êxtase entre janeiro de 1989 e junho de 1998. Quanto à época do uso da droga, 127 mulheres a usaram no primeiro trimestre da gravidez (71 apenas usaram o êxtase isoladamente, e 56 usaram o êxtase junto com outras drogas); duas usaram o êxtase nos dois primeiros trimestres da gravidez; duas usaram no segundo trimestre; e uma usou no terceiro trimestre.
Quanto à evolução, 11 gestações terminaram em abortamento expontâneo; 48 mulheres realizaram a interrupção eletiva da gravidez (uma após o diagnóstico pré-natal ter determinado a existência de má-formações no feto).
Ocorreram 78 nascimentos vivos; 66 foram normais, e 12 apresentavam anomalias congênitas, o que é significativamente maior do que a incidência esperada de 2 a 3 % para defeitos congênitos na população em geral.
Apesar da série ser pequena, ao realizarem comparações entre anomalias congênitas específicas entre estes bebês e as estatísticas gerais, os autores verificaram uma tendência de aumento na incidência de vários tipos de defeitos, entre eles retardo no crescimento, defeitos nos membros, e defeitos cardíacos. Os autores comentam que a importância desta série está em levantar um problema até então pouco conhecido, abrindo perspectiva para novos estudos.
Fonte: British Medical Journal Volume 354, Number 9188 (23 October 1999)
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