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Neste Artigo:
- Histórico
-
Ejaculação precoce
- Tratamentos
-
Tratamento farmacológico
-
Tratamento Psicológico
"A Ejaculação Precoce, definida como a incapacidade de controlar
ou adiar suficientemente a ejaculação, para que os parceiros achem prazer nas
relações sexuais, é um problema que aflige grande parte dos homens,
principalmente os adolescentes no inicio da atividade sexual. Quanto mais cedo
for procurada ajuda mais fácil o tratamento".
Histórico
Em outras épocas, autores discutiram os conceitos psicossexuais predominantes,
começando com o ponto de vista de Abraham (1917/1949) de que a EP (Ejaculação
Precoce) era uma reprodução da enurese infantil. Mas, Shapiro, em 1943,
constatou que, de 1.130 casos de EP, apenas 8% tinham história de enurese.
Outros acreditavam que a EP estivesse relacionada com a histeria, em pessoas de
orientação predominantemente homossexual e que experimentavam culpa pela
masturbação.
A teoria psicanalítica considera a prematuridade um sintoma neurótico e, como
tal, suscetível apenas de tratamento psicanalítico.
A teoria freudiana da causalidade propõe que o ejaculador prematuro esconde
sentimentos sadistas intensos, mas inconscientes, em relação às mulheres.
Ejaculação Precoce
Atualmente, sabemos que tal como o mecanismo do orgasmo na mulher, a ereção e
a ejaculação em um homem ocorrem quando um estímulo genital adequado ativa as
vias nervosas da medula espinhal inferior.
A sensibilidade dessas vias é, por sua vez, aumentada ou diminuída por
mensagens que descem a medula espinhal, oriundas do centro sexual do
hipotálamo, na base do cérebro.
A ejaculação precoce é um tipo de infortúnio que parece desenvolver-se muito
cedo na vida sexual do homem. Muitos, quando adolescentes, ficam condicionados a
um rápido gozo na masturbação, por ser esta uma atividade secreta, escondida,
perseguida pela culpa e pelo medo da descoberta.
Este impulso na direção do desempenho rápido geralmente é transferido para a
primeira experiência com o sexo oposto; acrescente-se aí o fato muito comum de
visitarem prostitutas, cujo principal interesse não é a realização sexual do
parceiro, e sim um breve intercurso.
Ou, o que é mais freqüente nos dias de hoje, a primeira relação sexual de um
rapaz pode acontecer no banco de trás de um automóvel, de um jeito apressado,
não planejado, ou num sofá, na casa da garota, com o medo premente de que os
pais dela possam voltar a qualquer momento.
Em todas essas situações acha-se presente não somente a excitação sexual,
mas também uma boa dose de desempenho rápido. Esses são alguns pontos
primários que seguem a EP.
Situações que podem gerar posteriormente a EP são apresentadas quando o homem
alimenta sentimentos hostis de desconfiança ou de insegurança, de despeito
frente à "luta pelo poder" etc., em relação a sua esposa, ou coito
num relacionamento clandestino, onde predominam sentimentos de culpa.
Outra situação semelhante é quando se usa do "coito interrompido"
para evitar a gravidez. Além de não ter valor como preservativo, há aumento
do nível de ansiedade.
Ações provocantes da parceira, a percepção de que ela deseja fazer sexo
(caça x caçador), a "ditadura do orgasmo", a mulher deixando de ser
"objeto" e passando a ser "sujeito", as circunstâncias de
inibição (defeitos físicos, mito do pênis pequeno etc.), que são eventos
regulares e previsíveis e algumas vezes normais, tornam-se subitamente
caóticos e imprevisíveis quando a atividade hipotalâmica é lançada num
estado de desorganização por excesso de ansiedade.
As mensagens do centro cerebral tornam-se irregulares e aleatórias, e podem
deflagrar uma ejaculação precipitada.
Podemos pois afirmar que, quando a ejaculação precoce aparece desde os
primeiros encontros sexuais, esta deriva de experiências condicionantes
adversas na infância, resíduos de culpas adquiridas durante a masturbação na
adolescência e/ou das primeiras vivências sexuais, onde predominaram: uma
grande expectativa, elevada excitação sexual, alta ansiedade e pouca
habilidade, gerando alguns "desastres", em resposta ejaculatória,
pois nesse caso a incontinência pode ser indicativa de doença séria e/ou
tratável.
Embora tais casos sejam extremamente raros, essa condição pode ser causada por
enfermidade local da uretra posterior ou, como ocorre com a perda súbita do
controle urinário, a incontinência ejaculatória secundária pode ser
sintomática de patologia ao longo do trajeto do nervo, que serve aos mecanismos
do reflexo que controlam o orgasmo (medula espinhal, nervos periféricos ou
centros nervosos superiores).
Isto pode ocorrer na esclerose múltipla ou em outros distúrbios neurológicos
degenerativos.
Entretanto, causas orgânicas são muito raras, principalmente em homens jovens
e/ou aparentemente sadios.
Tratamentos
Devido à dificuldade em definir e identificar a causa da ejaculação precoce,
temos também uma dificuldade em propor o tratamento mais adequado e que
solucione o problema a curto prazo.
De qualquer forma, o tratamento deve visar um aumento do período de latência
ejaculatória, independentemente da causa parecer ser biológica ou
psicológica.
Apesar da angústia e sofrimento do paciente com o problema, é necessária a
contínua obtenção de dados e informações. Entre estes se destacam o perfil
médico e o sexual.
A pesquisa de informações sobre o paciente possui não somente caráter
diagnóstico, como também visa elucidar as causas psicológicas e biológicas
da EP, que compõe sua etiopatogenia. O diagnóstico mais comum enquadra
distúrbios de fundo psicológico, como traumas, tensão e estresse, e de
caráter biológico, como cirurgias pélvicas ou urológicas e medicações em
uso.
Uma investigação clínica completa deve conter dados sobre: a história
clínica do paciente (como mencionado acima); sua função ejaculatória (tempo
de latência, controle), sua atividade sexual (freqüência, avaliação
detalhada de sua parceira, interação sexual, etc.), perfil psicológico
(contexto sócio-cultural, histórico da disfunção, relação com situações
específicas, etc.).
A partir de um quadro detalhado, que contenha os dados acima expostos, o médico
poderá optar por um tratamento mais individualizado, que atenda melhor o
paciente dentro do contexto próprio de sua doença.
As opções de tratamento são muitas. Incluem as inúmeras formas de
psicoterapia e várias opções farmacológicas. Todos possuem indicações
específicas, e somente um profissional capacitado está habilitado a indicar a
melhor terapia para cada paciente.
Tratamento farmacológico
Na década de 60 notou-se que os antidepressivos possuíam como efeitos
colaterais o retardo ou a inibição completa da ejaculação e do orgasmo.
Atualmente há uma variedade de antidepressivos no mercado que possuem menos
efeitos colaterais e melhores resultados.
Um medicamento representante dos antidepressivos, indicado para tratamento da EP,
é a clomipramina. Este medicamento alcançou aumentos médios no tempo de
latência de 2 a 7 minutos. Entretanto, os estudos com clomipramina relatam que
10 a 30% dos pacientes não respondem bem à droga. Pacientes com EP complicada
por insuficiência erétil (dificuldade de ereção) não alcançam os mesmos
resultados. A fluoxetina e a paroxetina também apresentam efeitos da inibição
ejaculatória. Estas drogas apresentam menos efeitos colaterais, parecem
interferir muito pouco com o desejo sexual e com a ereção, no entanto não
são tão eficazes quanto a clomipramina. Conclui-se que a clomipramina parece
ser a opção mais eficaz para inibir a resposta ejaculatória, mas pode não
ser bem tolerada por muitos pacientes, e deve ser bem avaliada sua indicação.
Tratamento Psicológico
As causas psicológicas aventadas para a explicação da EP são várias. Entre
elas está a hostilidade reprimida à mulher, o medo de perda importante da
autoconfiança durante o ato sexual, bloqueios quanto a percepção da própria
sexualidade e problemas na disputa pelo poder pelo casal, entre outras. Existem
teorias que enfocam a ansiedade, geral ou específica ao ato sexual. Tal
ansiedade foi criada, e até mesmo condicionada, pelo impacto das experiências
anteriores, excepcionalmente rápidas devido a circunstâncias adversas. Poucas
pesquisas clínicas disponíveis apóiam uma ou mais das suposições citadas
acima.
Intervenções Comportamentais - As intervenções comportamentais e cognitivas
demonstram maior eficácia. O método comportamental "stop-squeeze"
(pára-comprime) é um exemplo. Esse método sugere que o homem avise a sua
parceira quando sentir a vontade de ejacular aproximando-se. Neste ponto
interrompe-se o ato sexual e a mulher aplica pressão manual na glande do
pênis, até ocorrer redução da vontade. O método de
"pára-comprime" pode ser treinado, inicialmente, com a masturbação.
Outro método, o "start-stop " (começa-pára), para o tratamento da
Ejaculação Precoce, utiliza uma pausa, ao invés de um aperto no início da
fase ejaculatória. Acredita-se também que a posição durante a relação
sexual, com a mulher por cima ou a posição lateral, permitem um maior controle
da ejaculação.
A terapia ambulatorial semanal resulta em um alto índice de sucesso (80-90%),
em homens com Ejaculação Precoce. Os terapeutas sexuais apresentaram, com o
passar do tempo, suas próprias variações desses métodos ou mesmo a criação
de novos métodos.
Para o sucesso, apesar da variedade de métodos, o homem deve estar atento
quanto as suas sensações sexuais para saber exatamente quando interromper o
movimento. O casal deve ter habilidade para abordar amplamente a expressão
sexual e criatividade durante o ato. A participação da parceira é de grande
importância na solução do problema.
Varias outras abordagens podem ser utilizadas no tratamento da ejaculação
precoce, entre elas estão Tratamento em grupo e o tratamento
psicoterápico individual.
O Tratamento em grupo é um tipo de tratamento para a Ejaculação
Precoce cujos dados são ainda contraditórios. Alguns se beneficiam ao saberem
que seus problemas sexuais não são exclusivos, ao saberem como outros casais
também lidam com esses problemas. Por outro lado, a maioria dos homens
considera a Ejaculação Precoce um problema altamente particular e não se
sentem à vontade em discutir o assunto na presença de outros casais, tornando
esta forma de tratamento inviável.
O Tratamento psicoterápico individual não é tão bem sucedido quanto
o trabalho feito com os casais. O tratamento individual, na ausência da
parceira, diminui a possibilidade de utilização de técnicas como, por
exemplo, o "começa-pára" e o "pára-comprime".Estas
técnicas, no entanto, podem ser adaptados para a masturbação. Mas a presença
da parceira facilita significativamente o tratamento.
Finalmente, é importante salientar, que a principal arma para o tratamento, é
o reconhecimento do problema, pesquisa de suas causas e ajuda de um profissional
capacitado, pois sabemos que a utilização de técnicas folclóricas e caseiras
não trazem resultados e podem agravar o quadro. A ejaculação precoce é um
problema comum e de grande repercussão na vida sexual do casal.
Copyright © Bibliomed,
Inc. Publicado em 09 de
Novembro de 2005. Revisado em 10 de junho de 2013.
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