Artigos de saúde
Nos últimos anos, uma forma importante do consumo de charutos cresceu, os charutos
cubanos. Nos Estados Unidos, entre 1993 e 1997, a venda de charutos aumentou em 50% (os
cubanos aumentaram em 68%). Apesar deste aumento ter sido entre homens jovens, de meia
idade e classe sócio-econômica alta, também foi observado um aumento do consumo entre
adolescentes e mulheres. Este fato se deve a duas causas principais: a crença popular de
que os charutos fazem menos mal que os cigarros e em segundo lugar a existência de
poderosa campanha de publicidade que apresenta os charutos como algo glamouroso e ao
alcance do público em geral. Está documentado o fato de que o fumo do charuto, também
os havanas, contém os mesmos componentes tóxicos e carcinogênicos (que produzem
câncer) que o fumo dos cigarros. Há trabalhos que demonstram a associação com o
câncer de via aerodigestiva alta (orofaringe, laringe e esôfago), câncer de pulmão e
com a doença obstrutiva crônica.
Contudo foram poucos os trabalhos que estudaram a associação entre o consumo de charutos
e doença cardiovascular.
Iribarren e colaboladores realizaram, em 1999, um trabalho para analisar a associação
dos charutos com doenças cardiovasculares, a doença pulmonar obstrutiva crônica e o
câncer em homens. Em 1.774 pessoas, 1.546 fumavam charutos e nunca haviam fumado cigarros
nem cachimbo até então; o resto nunca havia fumado cigarros nem charutos. Estas pessoas
foram acompanhadas por 24 anos, registrando-se internações ou mortes por doença
cardiovascular, doença pulmonar obstrutiva crônica ou câncer. Após a análise
estatística concluiu-se que fumar charutos aumenta o risco de sofrer doença coronária
(infarto do miocárdio ou angina instável), câncer das vias aerodigestivas altas, câncer
de pulmão (apesar do risco ser menor do que fumar cigarros) e doença pulmonar obstrutiva
crônica. Foi evidenciada uma relação com a dose, observando-se que o risco foi maior
entre aqueles que fumavam 5 ou mais charutos por dia. Além disso, o risco de câncer nas
vias aerodigestivas altas foi maior para quem, junto ao charuto, também bebia.
O tabaco, seja do cigarro ou do charuto, é um risco não só para a saúde daquele que
usa, mas para toda a sociedade. Seu uso aumenta o risco de morte e doença para quem fuma
e para todos os que inalam sua fumaça tóxica. Por isto, o uso do tabaco,
independentemente da forma em que é consumido, é um problema para a saúde pública das
nações, mais ainda longe de ser controlado.
Fonte: New England Journal of Medicine 1999,340:1773-80
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