Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste artigo:
- Tipos de sangue
- Tipos raros
- Como é o armazenamento do sangue?
- Doação que salva vidas
- Dificuldades para armazenar sangue
"O sangue que pode salvar vidas humanas está nas geladeiras dos hemocentros, rigorosamente identificados, controlados e preparados para atenderem pacientes em centros cirúrgicos ou serviços de emergência".
Tudo começa em um Banco de Sangue com a doação, pois o serviço de hemoterapia é o local onde ocorre a coleta, o armazenamento, processamento, fracionamento e aplicação do sangue. O trabalho da Hemoterapia é regido por normas legais e técnicas cada vez mais rigorosas, e no Brasil, é constantemente fiscalizado do Ministério da Saúde.
Os bancos de sangue procuram a maior semelhança possível do material doado através da compatibilização dos grupos sanguíneos. Outra parte, igualmente importante, é a qualidade sorológica (sorologia do sangue é a pesquisa através de exames laboratoriais de doenças passíveis de serem transmitidas pelo sangue). Os exames buscam detectar doença de chagas, sífilis, AIDS, Hepatite B e C, malária.
O sangue é um líquido composto por trilhões de células, divididas em hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. Todas ficam suspensas no plasma. A função dessas células, constantemente produzidas pela medula óssea (tipo de tecido que fica nos ossos) e que circulam por veias e artérias, é nutrir tecidos e órgãos com vitaminas, anticorpos e hormônios, essenciais ao funcionamento do corpo. São quatro os tipos de sangue, A, B, O e AB, classificado segundo a presença ou ausência de antígenos (Ag) na superfície das hemácias ou de anticorpos (Ac) no plasma.
As pessoas que tem sangue do grupo A apresentam anticorpos chamados de "Anti B", ou seja, são incompatíveis com o sangue do grupo B e vice e versa. Já as do grupo O como não têm na membrana da sua hemácia essas características de A e de B, possuindo, no entanto, ambos anticorpos. Por último, as pessoas do grupo AB têm características tanto de A quanto de B e não possuem anticorpos. Essa é a primeira seleção no sangue em função do grupo sanguíneo ABO.
Além do tipo de sangue A, B, AB ou O, há também na superfície da célula um outro marcador: proteína D, a do fator RH, presente em mais ou menos 75% das pessoas. Esse fator, quando presente, determina que o sangue é do tipo positivo, e quando está ausente, que trata-se de sangue do tipo negativo. Esse item é importante, por que uma pessoa com RH ausente, ou seja, negativo, só gera anticorpos quando for exposta, em sua vida, a uma transfusão de sangue do tipo positivo, ou nos casos das mulheres com RH negativo que contém no ventre um feto com RH positivo. A Medicina já possui, atualmente, procedimentos e técnicas para atender com sucesso casos como esse.
Existem muitos outros grupos, ou seja, com outras substâncias marcando as superfícies das células que também são importantes. Usualmente, as pessoas mesmo com grupos diferentes não estão sensibilizadas, assim como é no caso do RH, que é o fator mais comum. Os outros grupos são importantes, mas não são pesquisados rotineiramente, nem identificados, detalhados, armazenados e congelados para um atendimento rápido.
Como é o armazenamento do sangue?
O sangue coletado é identificado por etiquetas com número que acompanham o material desde a coleta até a transfusão, com um registro detalhado de todos os procedimentos; e, ao mesmo tempo, se coleta a amostra para os exames laboratoriais, a sorologia.
Glóbulos, plasmas e plaquetas são os três grandes componentes primários de um fracionamento para ser aproveitado em todos os seus componentes. Esse processo é realizado através de uma centrífuga refrigerada, na qual o plasma é separado, gerando o concentrado de hemácias que é, em parte, utilizado para corrigir anemias agudas ou crônicas; o concentrado de plaquetas é utilizado para tratar pessoas que estão em quimioterapia ou que por motivo de alguma doença hematológica, que tenham sofrido algum acidente, ou que estejam com plaquetas baixas, com risco de sangramento ou em sangramento ativo.
Do plasma fresco congelado pode se obter um outro produto que é o crio precipitado de fator anti-hemofílico, rico em fator VIII e fibrinogênio principalmente, e tem como a sua indicação primeira o tratamento da hemofilia. No entanto, hoje progressivamente, está sendo substituído pelos concentrados purificados, de fator VIII, embora em muitos lugares o crio precipitado é ainda a única arma disponível para tratar um hemofílico. Por outro lado, a baixa de fibrinogênio, a hipofibrinogenemia, acontece com uma certa frequência como uma complicação nas situações obstétricas, pós-partos e descolamentos de placenta. A situação pode se tornar grave, pois o fibrinogênio da paciente baixa tanto que é necessária uma reposição. Atualmente não existe no mercado fibrinogênio à disposição, então o crio precipitado ou o plasma fresco são as fontes que o substituem.
No banco de sangue esses são os principais componentes que se obtém do sangue, mas o plasma pode ser encaminhado para uma indústria de fracionamento para serem obtidas a albumina, concentrados de gamaglobulina e os concentrados de fator anti-hemofílicos para tratamento da hemofilia. Portanto, uma única doação pode beneficiar diversas pessoas, de acordo com suas necessidades. Nunca uma doação beneficia uma única pessoa, ela beneficia no mínimo três pessoas. Uma usa o concentrado de plaquetas, a outra usa o plasma e uma terceira os glóbulos. O que é consumido primeiros são as plaquetas, cuja validade do concentrado é de apenas cinco dias. Os glóbulos duram um pouco mais, mas sofrem uma demanda maior; já o plasma pode ser mantido em um refrigerador, a menos de 18ºC por doze meses, mantendo as suas características. Depois de doze meses ele pode ser utilizado, mas passa a ser considerado plasma concentrado, porque vai perdendo a capacidade de atividade dos fatores de coagulação e servirá para repor albumina e volemia. É possível ainda obter-se alguns outros produtos oriundos de plasma através da indústria de fracionamento, mas esses são os principais.
O melhor tipo de doação é aquela feita pela própria pessoa quando programa fazer algum evento cirúrgico e deixa em estoque para alguma necessidade. O sangue que salva a vida é aquele que está na geladeira do hemocentro, examinado, classificado, preparado, pronto para o uso. Principalmente em urgências não adianta ter sangue disponível na veia, pois são necessários de dois ou três dias para ver os resultados dos exames do sangue doado antes dele estar apto para transfusões. Frequentemente os bancos de sangue se deparam com geladeiras com estoques críticos, às vezes vazios, sendo obrigados a suspender cirurgias, a transferir outras e, ainda, "torcer para que não ocorra uma emergência com uma pessoa em situação crítica. Se cada pessoa respondesse aos apelos seguidamente feitos pelos hemocentros, essa situação seria mais tranquila. Os homens podem doar a cada sessenta dias e as mulheres podem doar a cada noventa dias.
Dificuldades para armazenar sangue
As dificuldades para obter sangue são grandes e vem até de familiares e pacientes que realizarão eventos cirúrgicos quando lhes é pedido para trazerem pessoas para doarem. "Frequentemente eu encontro pessoas aqui que marcam a sua cirurgia e ao serem informados da necessidade de doações de sangue, apresentam resistência para mobilizar seus próprios familiares ou amigos; elas preferem transferir essa responsabilidade ao hemocentro, que teria por obrigação ter estoques de sangue para atendê-las. A doação de sangue é sempre gratuita e voluntária, não causa nenhum problema no doador, pois é rigorosamente controlada, e a pessoa que doa tem os seguintes benefícios: exames clínicos para identificar doença de chagas, sífilis, AIDS, malária, pesquisa de Hepatite B e C.
Copyright © 2016 Bibliomed, Inc. 19 de outubro de 2016
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