Artigos de saúde
J. Elias Murad*
Aproxima-se o Carnaval e, com ele, iniciam-se as recomendações sobre os excessos que
podem ser cometidos pelos foliões. Além da advertência para se evitar o uso exagerado
das bebidas alcoólicas e os cuidados para não se dirigir veículos alcoolizado, não se
deve esquecer de alertar a população a respeito do uso inadequado - especialmente na
época carnavalesca - de um produto ilegal chamado lança-perfume. Tal produto encontra-se
proscrito no Brasil desde 1961 por decreto do então Presidente Jânio Quadros,
principalmente porque a matéria química com que é fabricado - o cloretila ou cloreto de
etila - não tem mais utilidade terapêutica, uma vez que seu uso como anestésico geral
está obsoleto e ultrapassado pelos modernos anestésicos. Além disso, usado com certa
freqüência, pode provocar dependência e, em dose alta, matar por parada cardíaca ou
respiratória.
O produto é geralmente aspirado pelos usuários e, inicialmente, produz euforia
excitação e embriagues. Entretanto, em doses um pouco maiores, pode provocar desmaios
com perda da consciência, e se o indivíduo não for prontamente atendido, pode morrer
por colapso geral. Ainda mais: tal como acontece com os solventes voláteis - como tolueno
das colas de sapateiros - pode lesar os neurônios, que são células nervosas do
cérebro, de maneira às vezes irreversível.
Ultimamente o produto vem sendo contrabandeado da Argentina para o Brasil, pois sua
fabricação e venda são livres naquele país, onde tem o nome de
"Universitário", sendo o produto lançado no mercado eufemisticamente como
"aromatizador de ambiente". Na Argentina, as coisas andam tão mal atualmente,
que o produto pode até ser útil para melhorar os seus "ares", principalmente
na área financeira, mesmo que seja através de contrabando. Por isso as autoridades
brasileiras devem ficar mais alertas do que nunca nas fronteiras com o referido país,
pois, no Brasil, como há ainda uma certa tradição de seu uso durante o Carnaval, onde
alguns indivíduos para ficarem mais embalados nas festas carnavalescas tomam o chamado
"porre" de lança-perfume, o seu contrabando aumenta durante as festividades de
Momo.
É preciso tomar cuidado para que as alegrias do Carnaval não se transformem em
tragédia!
* Médico, farmacêutico e químico.
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25
de Janeiro de 2002.
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