Artigos de saúde
Introdução
As doenças cardiovasculares adquiriram uma maior importância durante o século XX, com o
aumento da expectativa de vida da população em geral. Por exemplo, nos Estados Unidos no
ano de 1900, a expectativa de vida era de 47 anos; este número aumentou para 73 anos em
1999. E no Brasil, segundo o IBGE, quem nasceu no ano 2000, poderá esperar de ter uma
vida média de 68,6 anos.
Por outro lado, a urbanização que aconteceu nos países desenvolvidos no século XX e
que chegou ao Brasil, trouxe consigo alguns problemas, como uma menor atividade física,
uma alteração nos hábitos alimentares com um maior consumo de gorduras, tabagismo e
estresse.
Este aumento da expectativa de vida, juntamente com os problemas decorrentes da mudança
no estilo de vida das pessoas, acabou por determinar um aumento na incidência das
doenças cardiovasculares, que surgem mais freqüentemente após os 50 anos de idade
Fatores Predisponentes e Fatores Adquiridos
Existem fatores predisponentes para as DCV que não se conseguem modificar. Entre eles,
citamos:
- Hereditariedade - existem fatores familiares entre as doenças
cardiovasculares; algumas famílias apresentam maior incid6encia de doenças coronárias e
de hipertensão, por exemplo
- Sexo - As DCV seguem sendo mais comuns no sexo masculino; nas mulheres
na pós-menopausa/após histerectomia observa-se um aumento na incidência
- Idade - Elas são mais freqüentes após os 50-60 anos de idade
- Raça - A hipertensão arterial é mais comum na raça negra
Já outros fatores são adquiridos ou podem ser controlados:
- Fumar cigarros: o tabagismo é um fator muito importante na gênese da
aterosclerose (deposição de gorduras nas paredes internas das artérias), além de ter
uma relação com a hipertensão arterial
- Hipertensão arterial: apesar da maioria dos casos de hipertensão
terem uma origem inerente ao próprio indivíduo, ela pode e deve ser CONTROLADA com
dieta, medicamentos e exercícios
- Hiperlipidemia: o aumento das gorduras no sangue também costuma ter
uma origem familiar mas pode ser controlada
- Diabetes: idem, como acima
- Obesidade: pode também ser alterado, com um programa de dieta e
exercícios físicos
- Sedentarismo: idem, pode ser modificado, pois é um hábito adotado
- Ansiedade/Estresse: são problemas que podem ser modificados de várias
maneiras
As doenças cardiovasculares causam 12 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano.
Além disso, tem uma grande possibilidade de causar incapacidade nos indivíduos, como as
como seqüelas de infarto do miocárdio seguido de insuficiência cardíaca, derrames
cerebrais, amputações de membros inferiores por gangrena, etc). As seqüelas acontecem
em cerca de 20 a 30% dos indivíduos acometidos pelas DCV.
A Aterosclerose
A maioria das DCV encontradas no adulto estão basicamente relacionadas com a
aterosclerose. Nesta doença, ocorre um acúmulo de gorduras nas artérias, que vão se
obstruindo progressivamente, com maior ou menor velocidade. Menos sangue passa por estas
artérias ocluídas. O processo se inicia ainda na infância, e já foi detectado até
mesmo em bebês. Mas na maioria dos casos as suas conseqüências irão se manifestar
após os 40-50 anos, através do surgimento de doenças coronarianas, derrames cerebrais,
hipertensão, e doença arterial obstrutiva dos membros.
Alguns fatores são capazes de alterar a parede interna das artérias, levando a uma
espécie de "inflamação" no local - estes fatores interagem com as gorduras
circulantes no sangue (favorecendo a deposição nas "placas" e com células do
sangue), aumentando a sua aderência. Outros fatores acabam por aumentar a viscosidade do
sangue, que fica mais "grosso". Por exemplo, o excesso de gorduras no sangue e o
tabagismo favorecem a deposição das placas, além de poderem alterar a viscosidade do
sangue.
No caso das doenças em que há elevação das gorduras no sangue, a aterosclerose
acontece quando os níveis de colesterol sanguíneo superam a capacidade do organismo de
retirar colesterol da circulação, o que faz com que as gorduras sejam depositadas na
parede da artéria.
O Cigarro
As artérias têm uma camada "elástica" nas suas paredes. A nicotina e outros
elementos do cigarro fazem com que esta camada se contraia, portanto passando menos sangue
pelo interior da artéria. Esta constrição, nas pequenas artérias, é um mecanismo
ligado também à hipertensão arterial.
Um outro efeito do cigarro é que as suas substâncias causam uma irritação da parede
interna dos vasos, favorecendo a deposição de "grumos" de células sanguíneas
e gorduras. Ocorre ainda um aumento da viscosidade do sangue secundário ao uso do
cigarro, favorecendo as tromboses.
A Hipertensão Arterial
O aumento da resistência no interior dos vasos periféricos acaba, ao longo do
tempo, por sobrecarregar o coração, rins e cérebro. No coração, os pacientes
hipertensos não-controlados correm o triplo do risco de desenvolverem isquemia
miocárdica (angina ou infarto) e sete vezes mais chances de apresentarem um derrame
cerebral - dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O aumento da resistência nos
vasos acaba ao longo do tempo por sobrecarregar o coração, levando à sua hipertrofia e
aumento.
Outros problemas decorrentes da hipertensão relacionam-se com a presença de aneurismas
(dilatações) nas grandes artérias, principalmente na aorta.
Pacientes com maior probabilidade de desenvolverem DCV
- Tabagismo (se o paciente está fumando)
- Hipertensão arterial (PA>140/90 mmHg)
- LDL colesterol (>160 mg/dl) - este é chamado muitas vezes de mau cholesterol, pois
é o que se deposita na parede vascular
- HDL colesterol (<35 mg/dL)
- Diabetes mellitus (glicose plasmática >120mg/dL) - no diabetes, a deposição de
gorduras na parede das artéwrias se encontra facilitada, além de ocorrerem oclusões
distais em vasos muito pequenos nas extremidades inferiores (chamado de
"micro-circulação")
Prevenção em geral das DCV
- Siga as recomendações de seu médico em relação a dieta, atividade, exercício
físico, medicação, controle de pressão arterial, e consultas de controle
- Não interrompa os medicamentos prescritos - isso pode ser particularmente perigoso nos
pacientes hipertensos, diabéticos, e nos portadores de angina
- Não fume - o risco de eventos cardiovasculares aumenta muito. Mesmo se você parar de
fumar, irão demorar alguns anos até que o seu risco cardiovascular se iguale a de uma
pessoa que nunca fumou. Entretanto, parar de fumar é extremamente vantajoso ao diminuir a
pressão arterial e a viscosidade (aderência) do sangue, que é um fator importante no
surgimento das tromboses intravasculares
- Mantenha o seu nível de colesterol e triglicérides normal, mesmo que isso implique em
usar medicamentos - pessoas acima de 20 anos devem determinar seus níveis de colesterol a
cada cinco anos, e todas as pessoas com aterosclerose devem acompanhar o seu colesterol
- Se você for diabético, mantenha a glicose sob controle
- Reveja sua história familiar e seus hábitos de vida com seu médico. Desta maneira
você conseguirá verificar quais são as melhores maneiras de diminuir o seu risco.
- Se você tiver uma história familiar forte para DCV, ter uma vida saudável irá
retardar ou impedir o processo
- Siga as orientações de dieta e exercícios para o resto de sua vida. Se você
abandonou o cigarro, não volte a fumar.
- Evite o estresse - procure ter um bom relacionamento com a família e no trabalho. Tire
férias regularmente. Hoje está documentada a relação entre as DCV e a ocorrência do
estresse
- Controle o peso. A obesidade favorece a hipertensão, o diabetes, e pode alterar as
gorduras sangüíneas
- Faça check-ups regulares (a cada ano se você tem mais de 50 anos). Procure o médico
em caso de dor precordial do tipo angina.
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06
de abril de 2002.
Veja também