Artigos de saúde
por Leôncio de Souza Queiroz Neto
"Se você está cansado daqueles óculos apertando
seu nariz e machucando suas orelhas, não agüenta mais esquecê-los antes daquele
importante compromisso profissional e não suporta mais usar lentes de contato,
seus problemas parecem estar chegando ao fim".
Uma nova e promissora técnica para eliminar erros refrativos - porém existem
riscos
Você já imaginou entrar em uma sala cirúrgica,
deitar em uma maca, abrir os olhos e deixar que um oftalmologista manipule um
incrivelmente preciso feixe de laser que remodela sua córnea em minutos,
diminuindo ou literalmente anulando o “grau” corneano; então levantar e
experimentar um admirável mundo novo, sem óculos ou lentes de contato. Veja figura 01.
Pelo menos é o que nós oftalmologistas e mais
importante nossos pacientes estão falando sobre um nova técnica de cirurgia
refrativa chamada LASIK.
LASIK
é a abreviação do termo inglês “laser-assisted in situ keratomileusis”, e que
poderá se tornar uma das mais populares cirurgias do planeta no próximos anos.
O método de LASIK
começou a ser utilizado em cirurgias oculares nesta década e utiliza a energia
do excimer laser, que é uma forma de laser das mais conhecidas e seguras para
correção de erros refrativos.
O excimer laser foi originalmente criado em
1970 e era utilizado em outras áreas como informática e indústria alimentícia, e
é chamado de “laser frio” pois não produz calor, nem queimaduras, simplesmente
vaporiza a córnea, permitindo esculpir a córnea e modelar sua curvatura para
eliminar as dioptrias ou “graus” da miopia, hipermetropia ou astigmatismo.
O LASIK é antes de tudo
uma nova tecnologia; até pouco tempo o excimer laser só era utilizado para outro
tipo de cirurgia ocular a laser, o PRK (photorefractive
keratectomy)
A técnica do LASIK se baseia no
uso de um delicado instrumento de corte chamado microcerátomo. Os cirurgiões
fazem um corte, semelhante a uma “fatia” ou “lamela” nas camadas mais anteriores
da córnea, deixando um dos lados desta “lamela” aderido a córnea, e
delicadamente levantam esta “lamela” de tecido; então o excimer laser é
aplicado remodelando a forma da córnea. A seguir a “lamela” é recolocada de
volta ao lugar, como se fosse uma “tampinha de laranja”. Veja figura 02.
Após um período de poucos dias, esta “lamela”
é reintegrada com o restante da córnea.
A técnica cirúrgica utilizada anteriormente o
PRK era aplicado diretamente sobre o tecido corneano superficial,
o que levava a um pós operatório doloroso e com tendência a uma cicatrização
excessiva.
Em virtude, da destruição do tecido corneano
ser mínima com a técnica de LASIK, ocorre melhor cicatrização e
com muito menos dor. A maioria dos pacientes enxergam claramente quase que
imediatamente após a operação.
Atualmente, o procedimento de LASIK
é melhor indicado em pacientes adultos com graus estabilizados, com até 12 graus
de miopia, 04 graus de hipermetropia e 05 graus de astigmatismo e que não
possuam outros problemas oculares associados. Ainda não há consenso entre os
oftalmologistas quanto a estas indicações. A presbiopia ou “vista cansada” que
ocorre após os 40 anos de idade não é corrigida por esta técnica.
Em 1999, aproximadamente 500.000
norte-americanos foram submetidos a um procedimento de LASIK-
quase o dobro de 1998.
No Brasil começamos a realizar as cirurgias
a Laser em 1992,pela técnica do PRK e em 1994 com o LASIK, já
temos aproximadamente 80 a 100 mil pacientes beneficiados com este avanço
tecnológico.
Geralmente 07 de 10 pacientes alcança 100% de
visão sem o auxílio de correções ópticas adicionais. A maioria restante
continuam aptos a dirigir sem lentes corretivas.
Antes de se submeter a cirurgia de LASIK
o paciente deve consultar o oftalmologista que fará um estudo completo do olho a
ser operado: refração adequada, topografia e estudo de paquimetria da córnea,
qualidade do filme lacrimal, o cristalino, estado da retina , pressão
intra-ocular, entre outros.
Apesar de todos cuidados discutidos acima,
dissertaremos de algo fundamental a ser entendido pelo paciente que vai ser
submetido a um procedimento de LASIK.
A cirurgia de LASIK é um
procedimento cirúrgico e possui todos os riscos atribuíveis a qualquer
procedimento desta natureza.
É um procedimento altamente satisfatório na
maioria dos casos bem escolhidos, como discutido anteriormente.
É importante enfatizar que 100% de
visão não significa visão perfeita. O LASIK pode interferir na
percepção de contrastes, escalas de cinza, os quais podem se tornar
inaceitáveis para alguns pacientes. Quase todos os pacientes que fazem o
LASIK referem algumas alterações visuais com halos e clarões geralmente à
noite, quando o tamanho pupilar é maior, sendo que as queixas diminuem dentro de
um período de seis meses. Em uma minoria de pacientes submetidos a LASIK
pode ocorrer visão dupla e visão noturna muito ruim, que pode até impossibilitar
dirigir carros à noite.
Além do que, o oftalmologista pode
acidentalmente cortar a lamela corneana de modo errôneo ou recoloca-lá causando
dobras, o que causa diminuição da acuidade visual e que às vezes não podem ser
corrigidas nem com o uso de óculos e lentes de contato. Em casos extremos
transplante de córnea se faz necessário.
Ainda não existem estatísticas confiáveis
sobre as complicações pós-operatórias do LASIK. Alguns trabalhos
mostram incidências destas complicações em torno de 01-05%, sendo uma das
temíveis a infecção ocular e o descolamento de retina.
Em torno de 10-15% dos pacientes devem se
submeter a um se gundo procedimento, o chamado “retoque”, para alcançar a
correção óptica desejada. Este segundo procedimento não é considerado uma
complicação e sim um “complemento” da primeira sessão de LASIK.
Na ausência de trabalhos de acompanhamento
desta cirurgia a longo prazo, nada garante que novos tipos de complicações
possam surgir nos próximos anos.
O custo da cirurgia é variável , algo em
torno de 500 dólares por olho em clínicas especializadas.
Muitos outros tipos de novas tecnologias
estão sendo desenvolvidas para a correção de erros refrativos e novos
procedimentos mais baratos e seguros estão por vir no próximos anos, porém se
você não quer esperar todo este tempo, ou ainda está com dúvidas, procure seu
oftalmologista de confiança, que é o único profissional gabaritado a esclarecer
suas indagações e realizar o procedimento cirúrgico mais adequado para o seu
caso, com a maior segurança possível.
Fonte: www.drqueirozneto.com.br
Copyright © 2002 Bibliomed, Inc.
03 de Setembro de 2002.
Veja também