Artigos de saúde
É possível evitar
a catástrofe?
Os jovens de hoje formam a chamada geração da
AIDS. Eles não conheceram o mundo antes do
HIV. Milhões já morreram e, no entanto, a epidemia
de HIV/AIDS entre os jovens continua em
grande parte invisível aos adultos e aos próprios
jovens. O esforço para combater o HIV/AIDS exige
estratégias amplas e concentradas na juventude.
Dos 60 milhões de pessoas no mundo inteiro que foram infectadas pelo
HIV nos últimos 20 anos, mais da metade tinha entre 15 e 24 anos à
época da infecção. Hoje, 12 milhões de jovens estão vivendo com o
HIV/AIDS. Entre os jovens, as mulheres têm muito mais chances do
que os homens de se infectarem com o HIV. Em cerca de 20 países
africanos, 5% ou mais das mulheres entre 15 e 24 anos estão infectadas.
Tais estatísticas sublinham a necessidade urgente de abordar a situação
do HIV/AIDS entre os jovens.
Por que são tão vulneráveis?
Os atributos físicos, psicológicos e sociais da adolescência tornam
os jovens particularmente vulneráveis ao HIV e a outras Infecções
Sexualmente Transmitidas (IST’s). Geralmente, os adolescentes não
compreendem inteiramente seu grau de exposição ao risco. Muitas
vezes, a própria sociedade contribui para aumentar esses riscos
quando não facilita aos jovens o aprendizado sobre o HIV/AIDS e a
saúde reprodutiva. Além do mais, muitos jovens têm pouca prática
social e podem ser influenciados facilmente por colegas e amigos,
inclusive de formas que acabam aumentando seus riscos.
Como enfrentar esta epidemia
O recente declínio da incidência do HIV/AIDS em alguns países e os
sinais de que os jovens estão mudando seu comportamento arriscado
são bastante alentadores. Atualmente, a AIDS é vista em grande parte
como uma crise social, além de problema de comportamento individual.
A epidemia da AIDS é complexa e somente uma combinação de abordagens diferentes
poderá ter sucesso em reprimi-la. Mas cada vez fica mais claro que a juventude
tem que ocupar o centro das estratégias de controle do HIV/AIDS.
Demonstração de apoio à prevenção da AIDS.
Se os líderes não passarem a falar publicamente do problema da AIDS entre os
jovens, dando-lhe a devida prioridade em termos de recursos e ações, é pouca a
esperança de se chegar a uma solução.
Necessidade de programas de educação e comunicação.
Os jovens necessitam de ajuda para se conscientizarem dos riscos do HIV/AIDS e
saberem como evitá-los. Os programas de educação e comunicação não podem se
limitar a oferecer informações, devendo também promover a capacidade para evitar
riscos, tais como adiar a iniciação sexual, praticar a abstinência e a
negociação com o parceiro/a sexual. A educação sobre o HIV/AIDS deve começar
cedo, antes mesmo que os jovens se tornem sexualmente ativos.
Tratar dos costumes e normas sociais.
Muitas tradições e costumes aumentam os riscos para os jovens mais do que para
os adultos e, entre os jovens, mais para as mulheres do que para os homens. As
tentativas para obter o apoio das comunidades e para mudar certas normas sociais
são tão importantes quanto os esforços para reduzir a exposição dos indivíduos
aos riscos.
Estímulo ao uso dos preservativos para ter proteção dupla.
Os preservativos—único método anticoncepcional que pode proteger contra o HIV e
contra a gravidez—são essenciais para controlar a disseminação do HIV/AIDS entre
os jovens. É preciso facilitar ao máximo o acesso aos preservativos, e sua
utilização deve ser promovida entre as pessoas sexualmente ativas de todas as
idades.
Tornar os serviços mais receptivos aos jovens.
Para melhor servir aos jovens, os serviços de saúde têm que esforçar-se ainda
mais para recebê-los bem e deixá-los à vontade. Os serviços, inclusive os
voltados ao tratamento das IST’s e os serviços de orientação e exame de
voluntários e encaminhamento de pacientes de HIV, devem ser prestados de forma
confidencial e acolhedora.
Alcance.
Os programas têm que atingir as crianças de rua, trabalhadores/as do sexo e
outros jovens vulneráveis, inclusive os milhões de crianças e jovens deixados
órfãos pela AIDS. A maioria dos programas para os jovens funciona melhor quando
os próprios jovens participam de seu planejamento e gestão. Os programas devem
também descobrir formas mais eficazes de entrar em contato com os pais e outros
adultos que possam influenciar os jovens de forma positiva.
É preciso agir imediatamente
Todos os países podem e devem adotar estratégias para tratar do HIV/AIDS.
Sozinho, o setor de saúde não tem condições de enfrentar esta epidemia. O
momento de agir é agora. Já é muito tarde, para muitos jovens. Mesmo que o risco
de contrair o HIV fosse reduzido pela metade até 2015, de 20% a 80% dos rapazes
que atualmente têm 15 anos, em alguns países, ainda assim morreriam de AIDS. Em
certos países, as perspectivas futuras dos jovens sobreviventes também ficam
piores, porque os professores e outros líderes também morrem de AIDS e a
produtividade diminui. Somente se agirmos agora mesmo para controlar a
disseminação do HIV poderemos garantir que os jovens de hoje terão um futuro
quando se tornarem adultos.
Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs,
The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore,
Maryland 21202-4012, USA
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