Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste Artigo:
- Introdução
- Recomendações gerais
- Princípios do tratamento da
obesidade
- Dietoterapia
- Atividade física
- Modificação dos
hábitos de vida
- Farmacoterapia
"A obesidade é uma doença crônica e há muito passou a ser considerada um problema de saúde pública em vários países – inclusive no Brasil. A alta prevalência e os custos relacionados às várias complicações tornam a obesidade um distúrbio de consequências econômicas estratosféricas. No Brasil, mais da metade da população está acima do peso, sendo que dados do Ministério da Saúde apontam que a taxa de obesidade é de 17,9%. Entre os homens o excesso de peso é maior: 56,5% contra 49,1% das mulheres".
Abusando da redundância, pode-se afirmar com segurança que a obesidade tornou-se um problema de peso na maioria dos países. Os custos associados ao suporte de um paciente obeso junto ao sistema de saúde são assustadores. A obesidade é tão prevalente que, todos os dias, dezenas de pacientes atendidos em unidades básicas de saúde, apresentam sobrepeso ou obesidade.
O primeiro e mais importante passo é conscientizar o paciente de que a perda de peso lhe renderá frutos, que vão muito além da vaidade e da auto-estima. As chances de tornar-se hipertenso, diabético, ou desenvolver doenças vasculares, insuficiência cardíaca, derrame, problemas renais e diversas outras doenças, são significativamente maiores no paciente obeso.
O segredo do sucesso do tratamento dependerá sempre da obediência a uma regra simples: é preciso manter o balanço calórico negativo. Infelizmente, este raciocínio simples é o grande obstáculo na abordagem terapêutica do obeso, uma vez que não raramente os pacientes esperam por remédios e dietas miraculosos. Por isso, o paciente deve estar – e ser continuamente – motivado a seguir o roteiro proposto.
Algumas etapas essenciais devem ser cumpridas antes de se iniciar o tratamento da obesidade propriamente dito. Todos os pacientes devem ser submetidos a uma avaliação médica criteriosa, incluindo exame clínico (com determinação do índice de massa corporal) e exames laboratoriais para identificar distúrbios concomitantes (p.ex.: diabetes, alterações de colesterol ou problemas de tireoide, etc).
É importante avaliar o quanto o paciente está disposto a esforçar-se para atingir as metas propostas. Qual a motivação para a redução de peso? Que fatores podem atrapalhar o andamento do programa? O paciente possui distúrbios psiquiátricos (p.ex.: depressão, uso de drogas, psicose, etc.)? Se o paciente não estiver preparado para o tratamento, ele pode ser acompanhado de modo a evitar ganho de peso, até ser capaz de iniciar um programa de redução de peso. As metas e expectativas envolvidas no roteiro devem ser realistas e discutidas aberta e cuidadosamente. Em geral, a agressividade do roteiro é proporcional ao risco associado à obesidade, mas este risco deve ser individualizado ao máximo.
As dietas e a atividade física regular, aliadas ao suporte psicológico contínuo, são as peças-chave do tratamento de todos os pacientes acima do peso ideal. Medicamentos e a cirurgia bariátrica devem ser consideradas opções válidas, em grupos bastante selecionados de pacientes.
Princípios do tratamento da obesidade
Conforme mencionado acima, as ferramentas para redução de peso incluem dieta, atividade física regular, alteração dos hábitos de vida, uso de medicamentos e cirurgia bariátrica.
Pessoas com sobrepeso (IMC de 25-29 kg/m2) com dois ou mais fatores de risco cardiovasculares, e aquelas com obesidade classe I (IMC de 30-34), devem reduzir a ingesta calórica em 500 kcal/dia. Este déficit de energia resultará em uma perda aproximada de 0,5 Kg por semana e cerca de 10% do peso inicial após 6 meses. Pessoas com obesidade classe II (IMC de 35-39) ou III (IMC acima de 40) devem direcionar o tratamento para déficits calóricos mais agressivos (500-1000 kcal/dia) para conseguir atingir estas mesmas metas.
Várias estratégias podem ser utilizadas para ajudar o paciente a restringir sua ingesta caloria. Refeições controladas por porções ajudam a intensificar a perda de peso, uma vez que pacientes obesos tendem a subestimar sua ingesta calórica. Refeições pré-preparadas e oferecidas em "pacotes" e suplementos líquidos, sem carboidratos, são úteis para manter a aderência do paciente ao regime.
A atividade física isoladamente não é um método eficaz para perder peso. Contudo, o aumento da atividade física facilita o controle do peso, a longo prazo, e melhora a saúde geral do organismo. O volume de atividade física necessária para manter do peso ideal é considerável: aproximadamente 60-90 minutos por dia de atividade de intensidade moderada (p.ex.: caminhada rápida) ou 30-45 minutos por dia de atividade vigorosa (p.ex.: corrida a pé ou de bicicleta). Por isso, os pacientes devem ser orientados a aumentar o nível de atividade física lentamente com o tempo, até atingirem o objetivo proposto. Os exercícios aeróbicos ainda apresentam benefícios adicionais (p.ex.: condicionamento cardiopulmonar) que independem da perda de peso.
Modificação dos hábitos de vida
A Terapia Comportamental deve fazer parte de todo programa de perda de peso. Ela facilita a adesão do paciente às modificações dietéticas e ao aumento da atividade física, ajuda a determinar metas realistas, encoraja o controle pelo paciente e serve de apoio para que ele identifique e vença suas barreiras psicológicas para perder peso.
Infelizmente, nem sempre é fácil oferecer uma boa terapia comportamental para pacientes obesos, especialmente devido às limitações de tempo e capacitação. A Terapia em Grupo é uma boa opção para vários casos. Estudos clínicos prospectivos randomizados mostraram que pacientes obesos tratados com terapia comportamental em grupo conseguem perder cerca de 0,5 Kg/semana, e aproximadamente 9% do peso inicial após 20-26 semanas de tratamento. Os pacientes em geral recuperam 30-35% da perda nos 12 meses seguintes, mas aqueles que mantêm contato regular com seu grupo de tratamento, têm mais chance de manter o controle do peso a longo prazo.
O tratamento farmacológico não deve ser utilizado como um tratamento de curta duração, pois os pacientes tendem a recuperar o peso perdido após suspensão dos medicamentos. Apenas dois medicamentos (sibutramina e orlistat) foram aprovados para tratamento da obesidade a longo prazo.
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Publicado em 27 de dezembro de 2007
Revisado em 07 de outubro de 2015
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