Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste artigo:
- Introdução
- Características do vírus
- A doença causada pelo vírus Zika
- Exames
- Zika e gestação
- Conclusões
O Vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus emergente da família Flaviviridae, que inclui os vírus da dengue, do Oeste do Nilo, da febre amarela e da encefalite japonesa. O vírus causa uma doença transmitida por mosquito do gênero Aedes, e que teve surtos recentes no Pacífico Sul.
A transmissão mediada por vetor do ZIKV é iniciada quando uma fêmea do mosquito Aedes, ao se alimentar de sangue, injeta o vírus na pele do hospedeiro mamífero, seguindo-se a infecção de células permissivas através de receptores específicos. Com efeito, as células imunitárias da pele, incluindo fibroblastos da derme da epiderme, os queratinócitos, e células dendríticas imaturas, foram todas encontradas como sendo permissivas para infecção pelo ZIKV
O ZIKV é um vírus de RNA contendo 10.794 nucleotídeos que codificam 3.419 aminoácidos. Ele está intimamente relacionado com o vírus Spondweni; os dois vírus são os únicos membros de seu clado dentro do cluster flavivírus transmitido por mosquitos. Os vírus mais próximos do ZIK incluem os vírus das encefalites Ilhéus, Rocio, e da encefalite de St. Louis; o vírus da febre amarela é o protótipo da família, que inclui também a dengue, encefalite japonesa e vírus do Oeste do Nilo. Estudos realizados na Floresta Zika, próxima a Entebe, em Uganda, sugeriram que a infecção pelo ZIKV chegava a embotar a viremia causada pelo vírus da febre amarela em macacos, mas não bloqueava a transmissão do vírus da febre amarela.
As informações sobre a patogênese do ZIKV são escassas, mas acredita-se que os flavivírus transmitidos por mosquitos se repliquem inicialmente em células dendríticas perto do local da inoculação, e depois se espalhem para os gânglios linfáticos e para a corrente sanguínea. Embora acredite-se que a replicação flaviviral ocorra no citoplasma celular, um estudo sugeriu que os antigenos ZIKV poderiam ser encontrados no núcleo das células infectadas. A infecção pelo ZIKV tem sido detectada no sangue humano tão precocemente quanto no dia de início da doença; o ácido nucleico viral foi detectado tão tardiamente quanto 11 dias após o início. O vírus foi isolado a partir do soro de um macaco nove dias após a inoculação experimental. O ZIKV pode ser morto pelo permanganato de potássio, éter, e por temperaturas acima de 60°C, mas não é eficazmente neutralizado pelo etanol a 10%.
A doença causada pelo vírus Zika
Pessoas infectadas pelo vírus Zika tem sintomas semelhantes ao da dengue. O quadro é bastante variável, e pode se iniciar com uma leve dor de cabeça, seguido por possível erupção cutânea maculopapular cobrindo o rosto, pescoço, tronco e braços, e que se espalha para as palmas das mãos e plantas dos pés. A pessoa infectada pode apresentar, ainda, febre transitória, mal-estar e dores nas costas.
A variabilidade dos sintomas leva a evoluções diferentes dos quadros – existe relato de um inicio com febre aguda, cefaleia e dores nas articulações, mas nenhum prurido. Na evolução, o caso se resolveu em aproximadamente uma semana.
Os testes de diagnóstico para a infecção ZIKV incluem testes de PCR em amostras de soro na fase aguda, que detectam o RNA viral e outros testes para a detecção de anticorpos específicos contra ZIKV no soro. Um teste ELISA foi desenvolvido no Arboviral Diagnostic and Reference Laboratory of the Centers for Disease Control and Prevention (Ft. Collins, CO, USA) para detectar a imunoglobulina (Ig) para arbovírus.
Em 2015 o Brasil vivenciou um crescimento significativo de casos de microcefalia que foram relacionadas à infecção materna pelo vírus da zika.
A infecção ocorre através da placenta, e acomete o tecido cerebral do feto de forma a desacelerar o crescimento cerebral, causando alteração na taxa de crescimento ósseo. Em alguns casos, quando a infecção ocorre no início da gestação, pode resultar em calcificações no cérebro do feto, o que pode impedir seu desenvolvimento normal.
A forma de contágio do vírus é predominantemente via picada do mosquito, mas, pesquisadores têm estudado o vírus com mais afinco no intuito de entender melhor os mecanismos de contágio e a ação do vírus no organismo.
A remendação médica é que gestantes evitem se expor por muito tempo em locais abertos e com proliferação de mosquitos, bem como usarem roupas que cubram mais o corpo e repelentes. Além disso, o mais importante é que a comunidade se una para evitar que os mosquitos se proliferem, mantendo quintais, ruas e parques limpos, evitando deixar água acumulada em recipientes como vasos de plantas, calhas e pneus.
Além disso, é fundamental que toda gestante faça corretamente o pré-natal, de forma a acompanhar o desenvolvimento do feto e, após o nascimento, que continue o acompanhamento médico da criança, seguindo todas as orientações e o calendário de vacinação.
O ZIKV tem o potencial de se espalhar por áreas onde o mosquito vetor Aedes está presente e pode ser um risco para o Sul da Europa e para o Brasil. Estratégias para a prevenção e controle da doença ZIKV devem incluir o uso de repelente de insetos e erradicação do mosquito vetor.
Uma vez que a epidemiologia da transmissão do ZIKV se assemelha ao da dengue, as estratégias de prevenção e controle da doença ZIKV deve incluir a promoção do uso de repelente de insetos e intervenções para reduzir a abundância de potenciais vetores do mosquito. Deve-se estar atento para a possível confusão diagnóstica entre a doença pelo ZIKV e a dengue.
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