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Gestação soropositiva

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste artigo:

- Introdução
- Pré-natal
- Transmissão vertical
- Parto
- Pós-parto


Introdução

Muitas pessoas acreditam que pessoas com HIV não podem ter filhos, pois o vírus pode ser transmitido para o bebê. Contudo, tal crença é errada. Casais soropositivos, sendo um ou ambos infectados, podem engravidar. Hoje existem técnicas de fertilização que podem ajudar um casal soropositivo a realizar o sonho de ter um filho. Seja pela fertilização in vitro, a injeção intracitoplasmática de espermatozoides, a inseminação intrauterina ou a lavagem seminal, a gestação deverá ser acompanhada com atenção para não ocorrer a transmissão vertical.

Atualmente, uma parcela considerável dos diagnósticos de casos de infecção pelo HIV na população feminina ocorre durante a gestação. O diagnóstico e o tratamento precoce são importantes porque podem garantir o nascimento saudável do bebê.

Pré-natal

Dados da Unaids apontam que, anualmente, 1,4 milhões de mulheres soropositivas engravidam. Se não receberem o tratamento adequado, as chances de a criança ser infectada varia de 15% a 45%. Durante a gestação é fundamental que a mulher receba a terapia antirretroviral, e realizar exames para acompanhar a carga viral. O número de consultas de acompanhamento não aumenta, sendo uma mensal até a 32ª semana e, após esse período, quinzenalmente ou semanalmente. Este é o protocolo padrão, que pode ser modificado de acordo com o que o médico julgar necessário.

A gestante soropositiva deve ser acompanhada por um infectologista durante o pré-natal. Se possível, o ideal seria que as consultas acontessem ao mesmo tempo, mas, não sendo possível, devem ocorrer em períodos próximos e com a mesma frequência.

A principal diferença no pré-natal de uma gestante soropositiva para uma soronegativa é a quantidade de exames: uma grávida portadora de HIV tende a fazer exames com frequência maior do que uma gestante padrão.

Transmissão vertical

A transmissão vertical é a infecção pelo vírus HIV passada da mãe para o filho, durante o período da gestação (intrauterino), no parto (trabalho de parto ou no parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno. O principal fator de risco associado à transmissão vertical é a carga viral elevada (quantidade de HIV no sangue). Por isso, é fundamental que a gestante faça uso correto dos antirretrovirais para manterem sua carga viral baixa ou, preferencialmente, indetectável.

A prática sexual insegura, sem o uso de preservativo, aumenta o risco de einfecção pelo próprio HIV (acarretando aumento na carga viral), além da exposição a variantes resistentes do vírus e da aquisição de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Além disso, gestantes não soropositivas podem ser infectadas durante a gestação.

O uso de drogas ilícitas causa danos na placenta, o que aumenta o risco de infecção do feto, assim como a presença de outras ISTs.

O riso de infecção é maior no 3º trimestre de gestação, e fatores obstétricos, como procedimentos invasivos durante a gestação podem aumentar o risco. O próprio trabalho de parto, onde o bebê pode entrar em contato com o sangue da mãe, aumenta o risco de transmissão vertical.

O vírus do HIV pode ser transmitido pelo leite materno, dessa forma, uma mulher soropositiva não pode amamentar. No Brasil, gestantes soropositivas têm o direito de receber do governo uma fórmula até o bebê completar seis meses de idade.

Parto

Como o trabalho de parto pode aumentar o risco de transmissão vertical, o parto mais indicado para mulheres soropositivas é a cesariana eletiva, cerca de dez dias antes da data prevista para o nascimento do bebê. Dessa forma, diminui-se o risco de a mulher entrar no trabalho de parto. Entre a 34ª e a 36ª semana de gestação é realizada a última contagem de carga viral. A cesariana em mulheres soropositivas é feita de uma maneira a minimizar o contato do bebê com o sangue materno. O médico descola a bolsa das paredes uterinas e tenta retirar o bebê sem rompê-la dentro do útero. Mulheres com carga viral indetectável podem tentar o parto normal, se quiserem, mas a bolsa não deve ficar rota por mais de quatro horas, e intervenções como uso de fórceps e episiotomia devem ser evitados. Durante o parto, a mulher recebe um  antirretroviral injetável durante o parto, independente de ser normal ou cesariana.

Pós-parto

Após o parto, o recém-nascido recebe um xarope de antirretroviral diariamente por seis semanas, e é submetido a dois testes de carga viral: no primeiro e quarto mês de vida. Esses exames servem para identificar ou não a transmissão vertical, e é necessário que ambos os resultados sejam negativo. É recomendado que a criança seja acompanhada até completar dois anos de idade. A mãe soropositiva não deve amamentar, mesmo com carga viral indetectível, pois o vírus pode ser transmitido pelo leite materno.

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