Artigos de saúde
Neste Artigo:
- Condições Sanitárias
- Doenças Relacionadas à
Poluição Atmosférica
- A Escassez
de Água e os Lençóis Freáticos: A Poluição Invisível
- Governo Brasileiro Irá
Investir em Saneamento Básico
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Tema
"Poluição é a modificação de características de um ambiente de
modo a torná-lo impróprio às formas de vida que ele normalmente abriga. No Brasil, 60%
dos gastos com internações hospitalares são de pacientes com doenças causadas pela
água poluída".
Condições Sanitárias
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 10 milhões de pessoas
morrerão infectadas por água contaminada até o final de 2000. O número foi discutido
no Fórum Mundial da Água, realizado em 22 de março do ano passado na Holanda, quando se
comemora o Dia Mundial da Água. O Brasil infelizmente contribui bastante para este
resultado. Cerca de 80% do esgoto produzido no país não recebe nenhum tipo de tratamento
e é despejado em lagos, rios, mares e mananciais, segundo estudo da Associação
Brasileira de Entidades do Meio Ambiente (Abema).
A estimativa do professor Aristides Almeida Rocha, da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (USP), é de que para cada dólar que o governo investe em
saneamento básico, quatro são economizados em internações hospitalares decorrentes de
moléstias provocadas pela falta de redes de água e esgoto. Mas a política de saneamento
no Brasil ainda não atende às necessidades da população. Entre 1995 e 1997, 342 mil
crianças brasileiras com menos de cinco anos morreram vítimas de doenças relacionadas
à falta de higiene. Os gastos anuais do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento
desses males chega a 300 milhões de reais. "Entre as doenças relacionadas à
contaminação da água as que mais matam estão a leptospirose (transmitida pela urina do
rato), hepatite, diarréia e cólera", diz Aristides.
O descaso com a água é mais evidente no Brasil nas periferias das grandes cidades e em
alguns estados do Norte e Nordeste. Somente o Estado de Pernambuco foi responsável, em
1999, por 25.733 casos de dengue e 2.315 de cólera. A primeira é provocada pelo acúmulo
de água parada, meio para o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, transmissor da
doença. Já a segunda é causada pelo consumo de alimentos ou bebidas que tenham tido
contato com água contaminada pela bactéria Vibrium cholerae, presente nas fezes de
pessoas infectadas.
Segundo Aristides, uma medida importante seria investir em programas de educação
ambiental, pois a melhoria das condições sanitárias das cidades brasileiras é
obrigação de todos. "É preciso ensinar a população carente sobre a necessidade
de ferver a água que bebe e a importância de não jogar dejetos perto dos rios e dos
riachos", alerta o especialista.
No Fórum Mundial da Água, delegações do mundo inteiro procuraram soluções para
cumprir os desafios estipulados pela Comissão Mundial da Água para o Século 21. As
principais discussões foram: redução da escassez de água, mais investimentos em
saneamento básico e garantia de água tratada para todo mundo, entre outras decisões.
Doenças Relacionadas
à Poluição Atmosférica
A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e
partículas sólidas no ar. As principais causas desse fenômeno são a eliminação de
resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento,
etc.) e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento
doméstico. Um relatório divulgado ano passado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), baseado em estudos sobre Meio Ambiente e Saúde feitos na Áustria, na Suíça e na
França revelou que a poluição emitida pelos carros nesses países mata mais gente do
que os acidentes de carro. O trabalho mostrou, entre outras coisas, que a exposição
prolongada à poluição nesses países causou um adicional de 21 mil mortes prematuras
por problemas respiratórios ou doenças do coração em pessoas acima de 30 anos.
A relação entre a baixa qualidade do ar e as doenças respiratórias, cardiovasculares e
até a saúde dos fetos é bem alta. Quando respiramos a atmosfera poluída, o pulmão
não funciona bem e tem dificuldade para filtrar o ar. Dessa forma chega menos oxigênio
para o coração, que terá de trabalhar mais para suprir a carência. Por isso, quem já
tem um coração debilitado deve ter um cuidado maior. No Instituto do Coração de São
Paulo, entre 1994 e 1995, houve um aumento de 16% no atendimento de pacientes com infarto
e dor no peito nos dias mais poluídos.
A comprovação dos efeitos nocivos da poluição sobre os fetos, por exemplo, está na
pesquisa do médico Luiz Alberto Pereira, do Laboratório de Poluição Atmosférica
Experimental da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho revelou que, apesar da
proteção da placenta e da estrutura do corpo materno, os fetos sofrem com a poluição
atmosférica. A equipe constatou que nos dias mais poluídos as mortes fetais tardias
foram maiores. Verificaram também que de cada oito óbitos fetais tardios registrados por
dia, em média dois podem estar associados à poluição. "Ela não é a única causa
da perda do feto, mas aumenta os riscos de morte. Quanto mais poluição, maior o
risco", explicou Pereira.
Para respirar melhor, os especialistas aconselham a prática de exercícios. Um bom
condicionamento físico diminui o risco de complicações causadas pela poluição porque
aumenta a resistência cardíaca. "O ideal é se exercitar em parques e fugir das
avenidas movimentadas. Quando não for possível, evite os horários de congestionamento.
Procure caminhar bem cedo ou à tardezinha", aconselha Pereira.
A
Escassez de Água e os Lençóis Freáticos: A Poluição Invisível
Não faltam sinais de escassez de água doce. Os níveis dos lençóis freáticos
baixam constantemente, muitos lagos encolhem e pântanos secam. Na agricultura, na
indústria e na vida doméstica, as necessidades de água não param de aumentar,
paralelamente ao crescimento demográfico e ao aumento nos padrões de vida, que
multiplicam o uso da água. Nos anos 50, por exemplo, a demanda de água por pessoa era de
400 m3 por ano, em média no planeta, ao passo que hoje essa demanda já é de 800 m3 por
indivíduo. Em países cada vez mais populosos, ou com carência em recursos hídricos,
já se atingiu o limite de utilização de água. Nos locais onde o nível de bombeamento
(extração) das águas subterrâneas é mais intenso que sua renovação natural, se
constata um rebaixamento do nível de lençóis freáticos, que, por esse motivo, exigem
maiores investimentos para serem explorados e ao mesmo tempo vão se tornando mais
salinos.
Segundo o geólogo Luiz Amore, consultor técnico da Secretaria de Recursos Hídricos do
Ministério do Meio Ambiente a despoluição de um lençol freático leva mais de 300
anos. Os técnicos chamam de "causas antrópicas", quando as atividades humanas
é que provocam a contaminação das águas subterrâneas. "São diversas as formas
de contaminação, envolvendo desde organismos patogênicos, até elementos químicos como
os metais pesados (caso do mercúrio) e moléculas orgânicas e inorgânicas", diz
Amore. O geólogo explica que várias fontes poluidoras já foram estudadas, e alguns
casos são clássicos, "que longe de serem fenômenos isolados podem estar ocorrendo
em diversas regiões do país e com intensidades diversas, infelizmente ainda pouco
conhecidas".
Os principais focos de contaminação das águas subterrâneas:
1 - Lixos e cemitérios
2 - Postos e fossas
3 - Agrotóxicos e fertilizantes
4 - Rejeitos e aterros industriais
5 - Rebaixamento do lençol freático
Governo Brasileiro
Irá Investir em Saneamento Básico
Na cidade de São Paulo, nos últimos 20 anos, a mortalidade infantil caiu 50% devido aos
investimentos em saneamento básico. Diante de dados como este, a Fundação Nacional de
Saúde (Funasa) promete investir no início de 2001 R$ 624,7 mil em projetos de pesquisas
de melhoria das condições de saneamento básico no País. Segundo Mauro Ricardo Costa,
presidente da entidade, as pesquisas serão desenvolvidas por universidades e pela
própria Fundação nas áreas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, gestão
em saúde pública, instalações sanitárias domiciliares, unidades habitacionais e
saúde indígena.
Segundo Costa, o objetivo desse trabalho é estimular tecnologias de baixo custo e
eficientes que possam ser aplicadas em áreas de interesse epidemiológico no setor de
saneamento, para reduzir os índices de mortalidade infantil e de doenças transmitidas
por água contaminada, entre as quais a cólera, hepatite, malária, equistossomose,
diarréia, verminoses e a doença de Chagas. "As tecnologias que surgirem a partir
das pesquisas serão aplicadas prioritariamente em pequenos municípios e áreas
indígenas" explica.
Na Universidade de Brasília (UnB), o Departamento de Engenharia Civil e Ambiental
desenvolverá uma tecnologia de tratamento e desinfecção de água para pequenas
localidades. Já a Universidade Federal do Mato Grosso pesquisará o impacto das doenças
de veiculação hídrica e a contaminação dos lençóis freáticos pelos cemitérios. O
Instituto Universidade Popular da Baixada, em Duque de Caxias (RJ), vai desenvolver
técnicas para a construção e adaptação de unidades de saúde às necessidades e
características dos povos indígenas.
Os especialistas em poluição acreditam em ações coletivas para amenizar o problema
como, por exemplo: a comunidade científica pesquisar os efeitos maléficos à saúde e
alertar as autoridades, o governo fiscalizar a emissão de poluentes, criar medidas e mais
alternativas de transporte público e campanhas para conscientizar a comunidade.
Copyright © 2001 eHealth Latin America
10
de Janeiro de 2001
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