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NOVA YORK (Reuters Health) - Pesquisadores desenvolveram uma forma de aumentar o
poder de ação de uma droga quimioterápica, possibilitando a destruição das células do câncer
de próstata sem causar efeitos colaterais debilitantes, de acordo com resultados de um novo
estudo.
Algumas formas de câncer de próstata dependem da produção dos hormônios masculinos
(androgênios), de modo que o tratamento com compostos bloqueadores de androgênios pode
deter o desenvolvimento do câncer.
Para alguns homens com câncer de próstata que não depende de androgênios, no entanto, não
existe tratamento para prolongar a sobrevivência. A quimioterapia pode destruir o câncer de
próstata independente de androgênio, mas as doses precisariam ser tão grandes que os efeitos
colaterais poderiam ser mortais.
Raymond Jones e sua equipe, dos Laboratórios de Pesquisa Merck, em West Point,
Pensilvânia, desenvolveram uma forma de induzir a droga de quimioterapia doxorrubicina para
ter como alvo seletivo as células do câncer de próstata, o que pode permitir que médicos usem
doses menores da droga. Em entrevista à Reuters Health, o pesquisador disse que sua equipe
alterou a droga e desenvolveu uma "pró-droga" que é mais seletiva ao tecido tumoral.
"Tornamos a droga mais tóxica ao tecido tumoral e menos tóxica ao tecido normal", explicou
Jones.
O novo avanço depende do PSA, ou antígeno específico da próstata, uma proteína produzida
pela próstata que tende a estar em níveis elevados quando um homem tem câncer de próstata.
Em experimentos em camundongos, os pesquisadores juntaram a doxorrubicina com um
peptídeo particular. Quando o composto droga e peptídeo entrou em contato com o PSA, a
proteína rompeu o ligação entre o peptídeo e a droga, permitindo que o medicamento matasse
células do câncer.
O tratamento parece ter sido bem-sucedido em camundongos, afirmam Jones e sua equipe na
edição de novembro de Nature Medicine. Comparada à doxorrubicina normal, a droga
experimental era 15 vezes mais eficaz no combate a tumores.
Os pesquisadores testaram a quantidade máxima de cada versão da droga que poderia ser
tolerada.
A teoria por trás do tratamento é de que a combinação droga e peptídeo irá se movimentar pelo
corpo e será ativada somente quando entrar em contato com as células do câncer de próstata,
na próstata ou em outras partes do corpo, caso a doença tenha se espalhado.
De acordo com o estudo, esse parece ser o caso, já que a versão modificada da doxorrubicina
não teve muito efeito em um tipo de câncer de próstata que não produzia PSA.
O tratamento atual para câncer de próstata independente de androgênio tem como objetivo
somente tornar a vida do paciente mais confortável, sem retardar ou deter o crescimento do
câncer, disse Jones. Ele acrescentou que "espera que (a droga experimental) aumente a
longevidade".
Atualmente, Jones e sua equipe estão testando a droga experimental em ensaios clínicos de fase
1, para verificar se a droga é segura para uso em pessoas.
Segundo Jones, embora esses testes não sejam desenvolvidos para avaliar a eficácia da droga,
dois pacientes apresentaram uma resposta completa ao tratamento.
Jones afirmou que, embora seja impossível saber quando ou se a droga será aprovada para uso
em seres humanos, ele está "cautelosamente otimista" que a nova droga avançará na próxima
fase de testes em humanos.
Sinopse preparada por Reuters Health
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