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Belo Horizonte, 31 de Dezembro de 2001 (Bibliomed). O Ministério da Saúde autorizou a fabricação
para uso terapêutico da primeira vacina contra a leishmaniose. A vacina foi desenvolvida
após estudos da equipe coordenada pelo pesquisador Wilson Mayrink, do Departamento de
Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
Foram 30 anos de estudos somente na universidade, que deram continuidade às pesquisas
preliminares do pesquisador paulista Sales Gomes, em 1939. A vacina se mostrou eficaz para
as diversas formas de leishmaniose (tegumentar, visceral, mucotegumentar e difusa). Os
melhores resultados, entretanto, se deram para os casos de leishmaniose tegumentar.
A vacina, que será produzida pela empresa Biobrás/SA, foi testada preliminarmente nos
anos de 1980 a 1983, com oficiais do Exército na Amazônia e entre moradores do
município mineiro de Caratinga, na Zona da Mata. O percentual de eficiência profilática
variou entre 50% a 70%.
Segundo Wilson Mayrink, desde os primeiros testes, foram feitos inúmeros
aperfeiçoamentos na vacina. O ensaio inicial foi realizado com a versão polivalente do
imunizante, contendo cinco diferentes cepas do parasita da Leishmania em
diferentes estágios de desenvolvimento. Em seguida, foi testada a versão monovalente, ao
escolher a cepa imunologicamente mais eficiente.
O emprego terapêutico da vacina reduz em mais de 50% a necessidade de administração de
antimônio, medicamento utilizado atualmente no tratamento da leishmaniose. O tratamento
passa a ser imunoquimioterápico, ao conjugar vacina e medicamento. Segundo Wilson
Mayrink, o resultado final é de praticamente 100% de cura em um tempo menor que o do uso
isolado de antimônio. Quando somente a vacina é usada, o processo terapêutico é mais
lento e depende do estado imunológico do paciente, entretanto, a vantagem é que a vacina
pode ser aplicada em todos os casos de leishmaniose cutânea que não permitem a
utilização do medicamento antimônio.
No município de Caratinga, cerca de três mil pessoas foram imunizadas, das quais somente
quatro desenvolveram posteriormente a doença transmitida ao homem pelo mosquito
flebótomo. Wilson Mayrink lamenta, entretanto, a não aprovação do imunizante para fins
profiláticos.
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