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Belo Horizonte, 15 de Fevereiro de 2002 (Bibliomed). Uma polêmica está dividindo a opinião de médicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e de profissionais das secretarias municipal e estadual fluminense quanto à indicação de uso de repelentes contra o pernilongo Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Alguns profissionais, entre eles o professor-assistente de Infectologia da UFRJ Edimilson Migowski, defendem a indicação do uso de vitaminas do complexo B como eficaz repelente ao inseto. Segundo Migowski, a ingestão da vitamina produziria um cheiro na pele capaz de afastar os pernilongos.
A vitamina do tipo B é indicada, entre outros casos, como suplemento alimentar para pessoas desnutridas. Quando ingerida em quantidade superior à demanda do organismo, a vitamina B é expelida através da pele. O cheiro provocado nesses casos teria o poder de afastar diversas espécies de mosquitos.
Os médicos favoráveis ao uso consideram muito mais graves os possíveis efeitos de uma contaminação por dengue que a utilização da vitamina do complexo B. O professor da UFRJ Edimilson Migowski argumenta que não há relatos de efeitos colaterais graves relacionados ao uso de complexo B, já que o excedente é eliminado pela cútis. Duas cápsulas de complexo B, segundo o professor, são suficientes para afastar o inseto.
Técnicos das secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro condenam o uso da vitamina para esse fm e garantem não existir comprovação científica para a função de repelente. O complexo B, na opinião dos profissionais de saúde pública, não deveriam estar sendo indicados de maneira alguma. Consideram inadequado prescrever drogas para garantir o distanciamento do Aedes aegypti enquanto existem repelentes disponíveis em qualquer farmácia ou drogaria.
Outra discussão que rendeu opiniões divergentes, dessa vez em São Paulo, foi a decisão de se trocar o inseticida utilizado para matar os pernilongos adultos, de forma alada, após 13 anos de uso seguido. O especialista Newton Macedo, do Departamento de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal de São Carlos, campus Araras, considera a troca prudente, mas tardia. A mudança do produto anos atrás teria evitado a resistência do inseto pelo produto.
A Superintendência de Controle de Endemias (SUCEN) vinculada a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, entretanto, alega que a eficiência do produto vinha sendo monitorada e somente agora apresentou índices considerados insatisfatórios pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% de eficácia.
No lugar de cipermetrina, que pertence ao grupo dos piretróides (ácido crisantêmico) será utilizado o malatol, do grupo dos organofosforados (à base de fósforo). O malatol é mais tóxico e pode oferecer algum risco à saúde de quem o manipula, sendo necessário o treinamento dos agentes.
Para a população e o meio ambiente não há problemas. O novo produto será utilizado nas regiões de Barretos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Baixada Santista e Araçatuba.
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