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19 de Junho de 2002 (Bibliomed). O Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP divulgou resultados de uma pesquisa sobre a compulsão por chocolate. O estudo demonstrou que o consumo excessivo de chocolate pode estar relacionado a quadros de depressão.
A pesquisa realizada pelo instituto da USP envolveu 73 pacientes voluntários, dos quais 64 eram mulheres e 9 homens. A intenção da pesquisa, que foi publicada no site da universidade, era traçar um perfil dos consumidores, apontando características e hábitos de nutrição, crenças, valores e comportamentos que poderiam indicar alguma relação com a compulsão ou dependência por produtos que contém chocolate.
O estudo é vinculado ao Programa de Atendimento ao Obeso (Prato) do IPq e a apresentação dos dados foi incluída na programação de um Simpósio de Abordagem Psicodinâmica e Multidisciplinar da Obesidade, realizado pelo instituto.
O coordenador do programa do IPq, Arthur Kaufman, informou que os dados para a realização da pesquisa foram obtidos por meio de entrevistas em grupos, com cerca de 15 participantes em cada. Nessas reuniões, os pacientes que se consideravam viciados por chocolate falavam o que sentiam antes e após a ingestão da substância, tentavam definir qual o grau de desejo pelo produto e por quanto tempo conseguiam ficar sem adquirir uma barra de chocolate. O discurso foi livre e apenas mediado por especialistas, sem intervenção direta. Os participantes tinham liberdade para falar o que sentiam e compartilharam idéias comuns.
Dentre os dados obtidos pela pesquisa, é interessante ressaltar que muitos dos participantes (aproximadamente 22%) relacionam o ato de comer chocolate com o prazer sexual. Mais da metade, cerca de 63%, fizeram a correlação do produto com outra droga qualquer, ao afirmar que se consideravam “dependentes químicos e psíquicos” de doces. A atribuição da substância a um método alternativo de combate à depressão foi feita por aproximadamente 43% dos participantes. E esse foi o ponto que mais interessou os especialistas. A maioria dessas pessoas possui o diagnóstico da depressão e está sendo submetido ao tratamento convencional da doença – medicação e psicoterapia.
A pesquisa, segundo os coordenadores do projeto, vai ter continuidade. A intenção é manter encontros com grupos menores de participantes para dar prosseguimento ao debate sobre os temas levantados durante as reuniões. Os especialistas pretendem discutir melhor a relação apontada pelos participantes entre consumo de chocolate e depressão.
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