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22 de Agosto de 2002 (Bibliomed). A comunidade científica e a população em geral têm sido sacudida atualmente com a publicação de vários estudos mostrando benefícios provenientes do consumo leve a moderado de álcool sobre a saúde do sistema circulatório. Muitos estudos apresentam resultados conflitantes, mas o senso geral atual é de que o álcool, em doses moderadas diárias, pode prevenir doenças cardíacas como o infarto do miocárdio.
Porém, este assunto está longe de sua resolução final. Como o álcool é uma das drogas mais consumidas no mundo, sob as mais variadas formas e com as mais variadas conotações sociais, estes estudos têm suscitado outros estudos sobre outros aspectos do consumo de álcool sobre a saúde. E os resultados na maior parte das vezes não concordam entre si.
Um novo estudo realizado no Japão, por uma equipe de pesquisadores liderados pelo Dr. Ichiro Wakabayashi da Yamagata University mostra que o consumo leve de álcool aumenta a pressão arterial em pessoas idosas, mas não em pessoas jovens. O Dr. Wakabayashi recomenda então que indivíduos idosos com história de pressão arterial elevada, chamada hipertensão, reduzam o máximo possível seu consumo de álcool.
A hipertensão é um dos problemas de saúde que mais crescem atualmente. Ela ocorre quando a pressão arterial sobe a níveis acima de 140/90 mmHg, e sua permanência neste patamar aumenta a chance de ocorrência de doenças potencialmente fatais, como insuficiência renal, doença coronariana, infartos do miocárdio e derrames cerebrais. Pessoas portadoras de hipertensão devem realizar controles médicos periódicos, praticar exercícios físicos regularmente, reduzir o consumo de sal e muitas vezes utilizar medicamentos para baixar a pressão arterial. Estão mais propensos à hipertensão indivíduos obesos, que fumam, com história familiar de hipertensão e que estejam acima dos 40 anos de idade. Porém, qualquer pessoa mesmo sem estes fatores de risco pode ser portadora da doença, que é silenciosa e só causa sintomas tardiamente, quando já existem lesões em órgãos vitais do corpo como cérebro, rins e coração. A única forma de diagnosticar a doença é através de medidas periódicas da pressão arterial, que pode ser realizada por médicos, enfermeiras e profissionais técnicos da área da saúde. Uma pessoa que tenha apresentado pressão arterial acima dos limites recomendados, expostos acima, deve procurar um médico para avaliação e aconselhamento.
Em seu estudo, o Dr. Wakabayashi e colaboradores mediram o impacto da ingestão de álcool sobre fatores de risco da aterosclerose – formação de placas de gordura dentro das artérias – de acordo com a idade dos indivíduos. Os fatores de risco examinados incluíram pressão arterial, níveis de colesterol e índice de massa corporal – medida do peso em relação à altura, utilizada para o diagnóstico da obesidade.
No artigo publicado na revista médica Gerontology, os pesquisadores examinaram o efeito do consumo de álcool em 12.386 indivíduos do sexo masculino com idade entre 20 e 69 anos. Foram classificados como bebedores leves os indivíduos que ingeriam menos de 30 gramas de álcool por dia, equivalente a um litro de cerveja. Foram considerados bebedores pesados os que ingeriam mais que este limite.
Os pesquisadores encontraram que os bebedores pesados apresentavam pressão arterial mais alta do que os que não bebiam álcool em todos os grupos etários. Além disto, homens com 40 anos de idade ou mais que bebiam quantidades diárias pequenas apresentavam pressão arterial mais alta do que os que não ingeriam álcool na mesma faixa etária.
Alguns efeitos da ingestão leve de álcool pareceram ocorrer independente da idade dos consumidores. Por exemplo, homens de todas as idades que eram bebedores leves apresentavam índices mais altos do colesterol HDL – o bom colesterol – do que indivíduos que não ingeriam álcool.
Os pesquisadores ainda não têm certeza do mecanismo pelo qual o álcool afeta a pressão arterial, e por que este efeito muda com a idade. Uma hipótese é que o consumo afeta a atividade do sistema nervoso simpático, que é a parte do sistema nervoso que é involuntária e responsável por controle de funções como batimentos cardíacos e constrição dos vasos sangüíneos.
Mesmo ainda não estando clara a ligação entre o consumo de álcool e o aumento do risco da hipertensão, a prudência parece ser o melhor caminho. Ainda é cedo para se ter certeza de que o consumo moderado de álcool faz bem à saúde, ou se na verdade faz mal. Parece provável que será difícil estabelecer se o álcool é na verdade um mocinho ou um vilão, devido aos seus múltiplos efeitos no organismo. Portanto, seja prudente: não se esqueça que, mesmo parecendo causar alguns benefícios, o álcool ainda não foi totalmente inocentado e seu consumo ainda não pode ser considerado saudável.
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