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28 de Abril de 2000 (Bibliomed). Pela primeira vez, uma enfermidade - uma grave deficiência imunitária que obriga recém-nascidos a viver em uma "bolha" estéril para evitar os micróbios - foi curada graças a uma terapia genética aplicada por médicos franceses.
Este "primeiro êxito" da terapia genética constitui a primeira prova
tangível da eficácia deste novo modo de tratamento.
Os dois primeiros bebês, tratados a oito meses e onze meses, podem viver em
suas casas sem nenhum tratamento, crescem e se desenvolvem normalmente. Os
médicos descrevem seu caso na revista norte-americana Science deste 28 de
abril.
No total, cinco bebês, um deles britânico, foram submetidos a esta terapia,
com sucesso em quatro dos casos.
"Os dois primeiros bebês tratados gozam há respectivamente 13 e 12 meses de
um sistema imunitário normal, sem efeitos secundários indesejáveis", declarou
à AFP o professor Alain Fischer, especialista do hospital Necker de Paris e
co-autor do estudo junto com a dra. Cavazzana-Calvo do Inserm (Instituto
francês de Saúde e Investigação Médica).
"Esta é a primeira prova tangível da eficácia da terapia genética e um
claro êxito. Nunca antes uma correção completa das anomalias da enfermidade
tinha sido obtida com outras enfermidades", acrescentou.
Os meninos "terão de ser vigiados medicamente por toda a vida para
comprovar sua boa saúde e controlar o êxito do tratamento a longo prazo",
explicou o professor Fisher.
Esta restauração do sistema imunitário, uma primícia médica, foi confirmada
pelas vacinas antitetânica, antidiftérica e antipoliomielítica: os bebês
reagiram normalmente às vacinas, produzindo anticorpos protetores contra essas
enfermidades.
A equipe pretende tratar este ano outros seis pacientes afetados por
enfermidades semelhantes.
Outras terapias genéticas deram resultados parciais, mas sem suprimir o
medicamento clássico de substituição, precisaram os cientistas.
A imunodeficiência combinada severa (DICS X1), ligada ao cromossomo X, é
uma enfermidade hereditária rara (1 caso por 150.000 nascimentos, cinco casos
por ano na França) que só afeta o sexo masculino. Caracterizada pela ausência
total de células de defesa, deixa o doente à mercê de qualquer infecção,
causando sua morte se não for protegido por uma "bolha" estéril ou submetido a
um transplante de medula óssea.
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