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São Paulo, 22 de Maio de 2001 (eHealthLA). Mais que discutir a eficiência medicamentosa, o fim dos manicômios representa o resgate da cidadania dos portadores de deficiências mentais, sejam crônicas ou temporárias.
Vão se perdendo no tempo as pesadas lembranças de locais sujos e mal iluminados que serviam como depósito de gente segregada socialmente. No caminho do Parque Zoológico de São Paulo existiu um desses palcos de fazer inveja a qualquer diretor de cinema em busca do escárnio.
Ali os pacientes chegavam muitas vezes em carros de polícia, eram dopados para ficar calmos durante todo o dia e os mais agitados ficavam trancafiados em celas individuais. Choques elétricos fizeram parte do tratamento psiquiátrico no Brasil anos seguidos.
Daí para a criação de uma rede de assistência complexa ao doente, tornando factível a reabilitação psicossocial, com tratamento digno e humano vai uma distância muita grande.
Esse projeto de saúde municipal vai se tornando realidade em São Paulo e diversas outras cidades do estado, como Campinas. O tratamento de saúde mental agora é feito no Hospital Dia, ao invés do antigo manicômio.
O Centro de Reabilitação de Casa Branca, citado em reportagem na última edição do jornal PSI, do Conselho Regional de Psicologia de S. Paulo, é um exemplo bem acabado de como pode dar certo o processo de “desospitalização”, do portador de problemas mentais.
De um total de 660 internos, entre 50 e 60 anos de idade, 143 já estão morando em casas, “lares abrigados” que agregam de quatro a cinco moradores dividindo a rotina diária de uma vida comum.
Mas a luta ainda não terminou. Em abril último o Movimento da Luta Antimanicomial festejou a aprovação da Lei de Reforma Psiquiátrica, internada durante 12 longos anos no Congresso Nacional.
Há avanços no sentido de reconhecer o direito dos portadores de transtornos mentais, mas uma Comissão Nacional ainda será criada pelo Conselho Nacional de Saúde para acompanhar a implementação da lei.
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